Sobre A Vida Imortal de Henrietta Lacks

Olá leitoras e leitores!
"A Vida Imortal de Henrietta Lacks" é um livro escrito por Rebecca Skloot e se trata da vida e história por trás da pessoa de onde foram retiradas as primeiras células humanas "imortais" (lê-se "células que se multiplicam indefinidamente"). Essas células foram retiradas de um tumor maligno de uma mulher negra, mãe e esposa, que teve sua história ignorada por muito tempo pela ciência e mídia, sendo vista apenas como a paciente por trás das células, a “fonte” delas.
Livro "A Vida Imortal de Henrietta Lacks" por Rebecca Skloot
Henrietta foi atendida por no Hospital Johns Hopkins na ala para pessoas “de cor”, e morreu em 1951, mesmo ano que suas células foram retiradas. A partir daí os cientistas do mundo todo marcam o início da história das células. Células que são utilizadas amplamente até hoje, além de terem marcado presença em descobertas extremamentes importantes para a ciência médica  e a humanidade, como a vacina para pólio, por exemplo.
Rebecca Skloot, após uma aula frustrante de biologia, na qual o professor não tinha informações suficientes de Henrietta Lacks além do seu nome correto, começa a se perguntar sobre a vida da pessoa por trás da células e como ninguém tinha contado a história dela até então.
É aí que toma uma decisão que provavelmente vai mudar toda a sua vida. Decide usar sua voz para compartilhar para o mundo a vida de uma pessoa que foi essencial no mundo científico e mudou ele como era conhecido até então.
Rebecca conhece uma família humilde que sente-se injustiçada por não terem nem o suficiente para arcar com seus medicamentos enquanto a indústria farmacêutica lucrou e lucra tanto com as células da matriarca da família, mas sente-se injustiçada principalmente por ninguém (até então) tomou para si a causa da família em busca do reconhecimento que Henrietta merecia e lhe foi negado.
Henrietta teve 5 filhos, 4 meninos e uma menina, Deborah, mais velha apenas que o caçula “Joe” ou “Zacariyya”, e principal personagem na família que buscava o reconhecimento da mãe na ciência. A família de Henrietta sequer sabia direito o que a palavra “célula” significava no início de tudo, mas logo que teve conhecimento desse mundo que surgiu após o cultivo das células da sra. Lacks em cultura, Deborah buscou de todas as maneiras entender o que estava acontecendo, até confundindo diversas vezes algumas coisas, mas com o esforço genuíno em saber sobre a mãe e fazer o mundo reconhecê-la como a pessoa que originou as células.
Eu teria que discorrer páginas a fio para tentar demonstrar e explicar cada detalhe de toda essa história, então vou fazer uma versão bem resumida do livro (e também do filme, lançado em 2017 e com a participação de ninguém mais, ninguém menos que a Oprah Winfrey no papel de Deborah) e espero que esteja contribuindo para que mais gente se interesse pela história de Henrietta Lacks.
Hoje, ainda funciona a instituição criada por Rebecca Skloot que se chama “Fundação Henrietta Lacks” e parte dos proventos do livro é encaminhada para lá, que também recebe doações para seu objetivo de oferecer auxílio às pessoas (e as suas famílias) das quais a ciência se beneficiou sem oferecer qualquer suporte ou subsídio financeiro.
Print da página inicial da Fundação Henrietta Lacks, fundada por Rebecca Skloot para auxiliar pessoas e familiares que sofreram com pesquisas não autorizadas e/ou sem remuneração
Outro fator importante muito presente no livro é que não se trata apenas da vida e história de Henrietta Lacks, mas também da vida e relação entre negros e médicos na época. São citados tratamentos que eu vejo como desumanos que foram realizados em negros e muitas vezes sem pedir sequer o consentimento para tal por eles. Pesquisas que prejudicaram a saúde de muitos negros, pesquisas nas quais outros nem sobreviveram, fora a grave agressão a dignidade humana que tantos passaram. É um livro sobre a ciência e médica ética, mas também um livro sobre sociedade muito interessante e que eu classificaria como importante para ampliar os horizontes sobre assuntos extremamente importantes que assolam nossa sociedade e espécie mas que, por vezes, nem temos alguma noção sobre o debate (ou a falta dele) que ocorre pelo mundo a fora.
É de extrema importância termos consciência que não são só células, mas por trás delas tem uma pessoa humana que merece respeito, que tem toda uma vida, que é mãe e filha de alguém também. Felizmente (acredito que) a ciência hoje é mais empática do que costumava ser no século passado, mesmo que ainda não seja perfeita, a cada dia acredito melhorarmos um pouquinho nesse aspecto.
Indico bastante a leitura, mas também que assistam ao filme que eu falei algumas linhas acima. Óbvio que as coisas lá não são exatamente ao pé da letra de acordo com o que está no livro, mas modificaram apenas o suficiente para ficar compreensível sem a necessidade de leitura prévia deste.

Pedacinho da esperança para futuros autores: Rebecca Skloot abriu mão de um emprego fixo para viver como free-lancer enquanto pesquisava e escrevia o livro e ainda assim foi passou por três editoras e três editores executivos antes de encontrar os que investiram no seu livro.


Obrigada por ter lido até aqui e espero realmente que tenha despertado em você pelo menos a curiosidade sobre a história dessas células.

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