O carrossel

Durante toda a vida a gente conhece gente que faz a gente querer insistir.

Gente bacana, amigável e que realmente sabe ser amiga.

Só que a vida não poderia ser tão fácil assim, não é?

As pessoas crescem, mudam, as escolhas, os gostos… É tudo muita coisa para conseguir conciliar com as pessoas que vocês eram na época que se conheceram.

Depois de um tempo (incalculável, vai de cada um) você percebe que não é mais tão simples, que na verdade é uma batalha manter isso, mas você insiste. Vale a pena.

Então você se esforça, você tenta e percebe que não faz mal abrir mão de coisas que você acredita (só um pouquinho) para manter aquilo que é tão brilhante. É uma promessa, um compromisso.

Mas de repente, você deixou de falar o que você acreditava mais vezes do que deveria… Você percebeu que acobertou a sua própria pessoa por aquela outra. É o certo a fazer, abrir mão de uma parcela menor (você) para aquele todo dar certo.

E você faz isso repetidas vezes, você acredita que nunca vai cansar daquilo porque é por um objetivo maior.

Então você se encontra no seu quarto, medindo suas palavras para se encaixar naquela personalidade que é necessária para manter aquela amizade.

Opa. Foi um pouco longe demais, não é?

Agora quem você é? A pessoa que de fato é, ou a pessoa que tem que ser para manter algo?

Se perdeu um pouco no caminho, não foi?

Por favor, não faça isso. Vamos parar e voltar um pouco.

Você não se perdeu totalmente, você acabou de despertar e agora pode voltar a correr pelos seus próprios trilhos, enfrentar seus desafios individuais e principalmente, você está acordada e valente para libertar quem você é.

Para descobrir e se apaixonar pela pessoa que você é.

A palavra chave é liberdade.

liberdade

E faça esse favor a si mesma, seja livre.

Não foi a dinâmica dessa amizade que mudou, nesse tempo todo você mudou também. Caiu e levantou. Aprendeu, não aprendeu… Cresceu.

Você mudou. E tudo bem.

É exigir muito de si ficar se medindo para caber na personalidade de alguém, independente de quem for essa pessoa, do quão importante ela é.

E também é exigir muito que a outra pessoa aceite essa súbito (e bem atrasado, diga-se de passagem) busca por liberdade que você finalmente enxergou e decidiu assumir.

Mas você não é forçada a viver presa em alguém que não é.

É triste e não é culpa de ninguém quando uma amizade chega ao fim.

É triste (e meio “coisa de adulto”) dizer isso, mas acontece.

Mas é preciso que você entenda que para manter uma amizade não é apenas uma das partes que tem que se esforçar para que ela aconteça. Manter uma amizade não é algo para se fazer sozinha.

Você não precisa esconder seus defeitos, a outra parte dessa amizade tem que poder decidir se vai ou não insistir em você apesar deles. Você não é a pessoa mais perfeita do mundo - ninguém sequer é perfeito

Mas você tem que deixar a outra pessoa decidir o que é bom para ela também. Não pode (nem deve) se responsabilizar pelas escolhas da outra pessoa.

Um exemplo claro disso é quando a sua/seu amiga/amigo espera algo de você que, por mais que você tenha tentado ao máximo, não conseguiu realizar. Mas em nenhum momento você prendeu aquela pessoa a isso, você deixou ela livre para seguir sem você.

Ela decidiu, ela optou por esperar você.

É responsabilidade dela a escolha que ela fez, você não tem que sentir culpa por isso - você deu o seu melhor.

Então, faça escolhas pensando no melhor para você.

E espere (até torça) para pessoa fazer o mesmo com ela.

E depois, veja até onde você pode trocar, compartilhar, porque isso sim é amizade.

Amizade é dividir, compartilhar, mas isso não significa que você deve se anular.

Se perceber que depois de se libertar aquela amizade não teve força para continuar, aprenda a priorizar você. Amizade nenhuma vale você deixar a si mesma de lado.

Não se anule para caber em algo que já passou.

Aprenda a dividir sem deixar pedacinhos de você nesse meio tempo, as coisas vão terminar bem. E caso no futuro haja espaço para retomar essa amizade, com mais maturidade e sem desrespeitar nem os outros, nem a si mesma, eu espero que os danos não tenham sido grandes demais e que você perceba que não existem coisas tão boas quanto ter uma amizade leve, uma amizade que não seja pesada nem tóxica de carregar.

Eu espero que você aprenda isso o mais cedo que puder, uma amizade pode te ajudar a carregar o peso que a vida joga nas suas costas as vezes.

É como uma certa Ellis Greys, de uma série pouco conhecida por aí, Greys Anatomy, fala, “O carrossel não para de girar” e eu espero que você aprenda e se divirta com as voltas que ele dá.

Até o próximo!