Minha Saga de livros usados

Quase todo mundo que tem livros e também o sonho de ter sua biblioteca particular sofre um pouco para desapegar deles. Os livros que tem uma história real comigo são todos da Saga Crepúsculo. São livros que mudaram provavelmente toda a minha história, pois com eles peguei o gosto pela leitura e escrita e talvez se não fosse por eles eu não estaria tão animada em escrever hoje.
Eu lembro que minha melhor amiga até hoje me apresentou a Saga e desde que eu li fiquei encantada com a história. Devia ter meus 11, 12 anos e só lia textos curtos e poesias até me encontrar no romances de Stephenie Meyer. Pode ser vergonhoso para muita gente admitir o que tipo de importância essa Saga teve em sua vida mas eu só tenho gratidão por ter encontrado e me encantado por ela. Lembro que minha mãe comprou os livros para mim por uma revista e também lembro que achei muito caro para ela na época, mas mesmo assim ela fez um esforço e me deu e esses livros foram meus amigos por dias e noites e por etapas complicadas para uma pré adolescente, como por exemplo ter mudado de baixo e de escola depois de o ano letivo já ter começado.
Ainda hoje acho muito triste os comentários e críticas que fazem a esse tipo de leitura. Acredito que cumprem perfeitamente a proposta, que é de serem romances juvenis. Ninguém pega um livro falando de romances com vampiros modernos e espera que eles superem filósofos da Grécia Antiga (pelo menos, ninguém com algum bom senso) e é triste ver como podem ser cruéis e fazer comentários desprezíveis.
O fato é que para mim ter os livros como companheiros em um momento de mudança que senti tão forte em mim foi indispensável. Era aquela fase em que eu não conhecia as pessoas, não tinha um grupo de amigas leais e sabia que falavam de mim por eu estudar um pouquinho em uma turma um pouco mais “animada para brincadeiras” do que eu.
Acho que fugi um do ponto, o que eu estava falando?
Sim, sim.
Eles são importantes para mim, fizeram parte da minha história de um jeito tão marcante que até hoje é emocionante quando leio o final deles. Até mais nova me sinto de novo.
Bom, agora vai a parte que influencia algumas decisões e escolhas da minha vida e organização pessoal: A algum tempo comecei a vender livros usados meus, sempre imaginando que nunca chegaria ao ponto de vender minha Saga e os livros que tenho sobre ela. Esses livros me indicaram um monte de outros livros e autores bons, como Orgulho e Preconceito da Jane Austen e O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson, além de O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë… Nossa. Foram alguns títulos importantes na minha formação como leitora.
Hoje decidi vender minha Saga Crepuscúlo, mesmo que o coração na mão.
Como estudante de graduação sem bolsa e a procura de estágio, é óbvio que o dinheiro que eu conseguir vai me ajudar em alguma coisa que eu queira, mas tem alguns outros pontos que me fizeram desapegar um pouco dos meus livrinhos.
Primeiro, meu quarto não tem espaço para meus livros e eu. Eu sempre doou, vendo, empresto, coloco em bolsas e em caixas, em cima do guarda roupa ou debaixo da cama e mesmo assim sempre aparece mais livro (do nada mesmo, as vezes ganho, as vezes são livros que ficam a disposição de quem quiser e tiver interesse em pegar naquelas bibliotecas compartilhadas). Os livros que eu mais amo estão ficando acabados e não do tipo “minhas anotações e marcações”, mas do tipo “mofo, fungo e desgaste”. Isso me deixa extremamente triste, fiz até uma mini estante de papelão mas ainda assim ela não comporta todos os livros.
Segundo, eu pensei em vender só pelo dinheiro em algum sebo, mas não valeria a pena. São livros que tem valor para mim e nenhum dinheiro compensaria na minha cabeça a ideia deles parados em sebos, sem ninguém dando atenção a eles, por tempo indefinido. Sei que o possível comprador pode não cuidar deles como eles merecem, mas se ele cuidar melhor do que alguns sebos que vejo perto da Universidade e no Centro da cidade, essa pessoa já ganhou pontos comigo.
Terceiro, eu tenho que aprender a desapegar de coisas materiais, principalmente aquelas que tem utilidade e eu não tenho como cuidar. Claro que é ótimo ter algo que remeta a um tempo da nossa vida, mas será que é o mais importante? Será que depois, quando os tempos estiverem melhor e eu tiver lugar para guardar meus livros direitinho, limpinhos e longes de qualquer fungo ou mofo, eu não possa comprar os livros que me são importantes e ainda assim lembrar da participação deles na minha vida? Vamos torcer para que sim. Tenho que contar com esse risco como se já fosse certo.
Quarto e último, lugar a mais na estante é lugar para novas leituras, novas histórias, aventuras e descobertas. Novas memórias que eu vou construir. Tem tudo a ver com estar seguindo em frente na vida e, eu me arrependendo disso no futuro ou não, acho que é uma maneira que me faz sentir que estou efetivamente fazendo isso. Seguindo em frente, aceitando o tempo.
É algo que a gente precisa. Ou pelo menos, definitivamente eu preciso.
Espero que o comprador ou a compradora saiba cuidar deles e aproveite, e se delicie e se perca na leitura da história.

Talvez seja um erro colocar tanta expectativa, mas prefiro ver apenas como uma esperança. E isso ter esse tipo de esperança não condiz exatamente com o conceito de desapegar totalmente, mas é um começo. É por onde a gente tem que começar.

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