Vamos falar sério?

Olá, leitoras e leitores!
Esse texto vai falar um pouquinho sobre minha experiência com a ansiedade, de como ela pode ser séria, como lembro do seu começo e de alguns fatores que agravaram ela em mim. Espero que aproveitem a leitura.
Às vezes pensar no futuro vai meio que sufocando a gente, se tornando cada vez mais um peso sobre os ombros empurrando para baixo. Parece pesado, não é? Já tive essa sensação um milhão de vezes, acredito que todo jovem passe por isso, mas no meu caso, a constância com que isso acontecia me levou a ver que na verdade eu estava tendo muitas (muitas) crises de ansiedade. Não sei se tem um nome certo para quando as crises são tão constantes ou se, na verdade, foi apenas uma crise que durou alguns meses, não sou uma profissional dessa área, mas sei o que senti…
É extremamente fácil ser julgado por tudo hoje em dia, ainda mais quando se tem ansiedade, que você ouve todo tipo de besteira que (muitas vezes) acaba atrapalhando sua recuperação. Eu acredito que o início das crises foi no meu ano pré-vestibular, em 2014, quando toda a pressão sobre passar na faculdade, qual curso fazer, que nota eu iria tirar nas provas para vestibulares... Começou, como acredito que a maioria das coisas ruins começam, inocente. Pensamentos bobos durante o dia de a reportagem vir na minha casa por eu ter feito a incrível peripécia de tirar a pior nota de todos os tempos no ENEM e esse tipo de bobagem mirabolante que passa pela cabeça de alguém preocupado.
Então comecei a beber muito café.
Eu tinha um ritmo para seguir, eu tinha aula e tinha cursinho, eram mais de 12 horas em salas por dia, além de ter que estudar para provas ou fazer as atividades do colégio. Todo mundo dizia que café ajudava e, como eu sempre gostei muito, não vi mal nenhum em beber café na tentativa de me manter alerta.
Então veio a insonia.
E foram noites mal dormidas, constantes gripes pela baixa imunidade e um psicológico um pouco abalado. Porém sempre com a ideia de que eu tinha responsabilidades e que teria que alcançar elas. Eu já gostava de ler e pensei que poderia ser uma boa ideia usar isso a meu favor no vestibular, ler clássicos que mais caiam, de diferentes gêneros, autores, épocas... E quando percebi, já estava achando chato ler, mas lia, pela obrigação.
Foi uma época conturbada. Mas "todo mundo passa por isso, vai valer a pena depois".
Bom, eu não sei se vale a pena se tornar uma pessoa ansiosa por uma nota em prova no vestibular, por uma prova da faculdade ou qualquer coisa desse tipo. Eu respeito que na época eu sentia que precisava disso, e talvez se eu não tivesse passado por isso hoje eu não teria consciência de como é importante ter sua sanidade, sua calma e seu jeito. Talvez hoje eu fosse uma pessoa daquelas que esnobam da ansiedade dos outros e, a pessoa que eu sou hoje, não gostaria da pessoa que eu poderia ter me tornado se não tivesse começado a ter ansiedade. Meu nível de empatia aumentou consideravelmente para quem passa por esse tipo de situação.
O pior que minha maior queda não tem a ver com doses exageradas de café por dia, com noites insone ou com as "leituras obrigatórias pré-vestibular". Minha maior queda foi minha falta de consciência, minha falta de capacidade de entender que uma prova de vestibular não é tudo na vida, mas eu não me critico, esse é o tipo de aprendizagem que é raro ter se não for pela experiência.
Entenda, também não estou aqui me colocando como a Santa De Toda Sabedoria e Experiência, estou só falando que todo mundo tem pelo menos muitos conhecimentos provindo de experiências próprias.
Com a faculdade as coisas foram piorando, lá é realmente O lugar onde só quem tem alguma empatia por gente ansiosa é quem já passou por isso. Sei que encontramos gente que não entende o tempo todo, mas lá parecia que a pressão era sempre maior, gente olhava torto, não entendia, não ajudava - e isso quando não atrapalhavam, falando que era besteira, coisa de gente fraca, chorona, etc…
O grande problema, meus caros leitores, é que a ansiedade não é só ficar nervoso com uma prova de semestre, não é só suar a mão antes de uma entrevista de emprego ou processo seletivo, nem é só qualquer outro nervosismo justificável que atribuem a ela.
A ansiedade está lá o tempo todo, parece que está consumindo um pouquinho de você e atrapalhando todo o resto. Ela é pior do que o Julius (de Todo Mundo Odeia O Chris) defendo o Chris, não importa o momento, ela vai estar lá.
Uma notícia cotidiana, um pensamento triste, mórbido, a falta de compreensão sobre uma coisa irrelevante, comentários maldosos em tom de brincadeira, comparações - tudo isso vai só ativando a ansiedade quando ela se esconde um pouco.
No auge da crise é como se você estivesse enjoado e de repente você começasse a sentir o cheiro mais enjoativo do mundo para você, e como se cada triste fato desses que citei anteriormente fosse uma mistura ainda mais enjoativa, com ainda mais intensidade. E como se aquilo a) fosse matar você ou b) já estivesse te matando.
É insuportável e você começa a acreditar que não vai mais aguentar aquilo. Pelo menos foi assim comigo.
Depois de 5 semestres de faculdade, 1 semestre de terapia, e muitas e muitas conversas com gente que me apoia, comecei a melhorar. De verdade.
Parece que saiu uma espécie de sombra de dentro de mim, e antes parecia que ela estava o tempo ali, acelerando meu coração e me pondo lágrimas nos olhos...E o pior de tudo: Isso não é drama. Isso é algo que eu vivi (e vez ou outra ainda sinto) por muitos dias, seguidos, semanas seguidas, meses seguidos e até uns bons 2 anos.
Hoje, parece que meu corpo não é mais a casa da sombra negra da ansiedade, ou "A Grande Vilã Desse Texto", e quando vez ou outra ela aparece, eu lembro que ela já não mora mais aqui e tento não deixar ela voltar a morar.
Hoje eu conheço vários meios online que contribuem para a melhora, tenho sessões com o psicólogo e não tenho a menor vergonha disso (sabe-se lá o porquê, mas aparentemente as pessoas tem vergonha disso). Me ajuda de um jeito que eu tenho quase certeza que das duas uma: Ou ia precisar de tempo e energia integralmente voltados para isso, para conseguir "me ajudar" sozinha, ou eu não conseguiria de jeito nenhum conseguir sozinha.
Então, se você tem ansiedade, eu preciso que tente respirar fundo nos piores momentos da sua ansiedade. Eu preciso que faça isso e que, se for preciso, não pense em nada, só se concentre na sua respiração. Se puder e tiver com quem conversar sobre isso, alguém que confie de verdade.
Atenção nisso, você tem que confiar de verdade.
Se você não tem com quem conversar, alguém que confie, e tem como ter atendimento psicológico, faça isso. Você merece e precisa. Aqui em Fortaleza tem alguns lugares que fazem esse tipo de atendimento gratuitamente, acho que vale a pena procurar e tentar descobrir aonde tem isso perto de você. Comigo funcionou, hoje eu tento pensar em um "todo maior", um futuro em que vou estar melhor do que o momento de ansiedade que estou passando (quando passo por ele), não funciona no "auge" da ansiedade, mas é um pensamento para relevar algumas pequenas coisas que tentam empurrar para ansiedade em algumas situações, tente achar algum pensamento que funcione para você também!
Se você não tem ansiedade, você não precisa levantar uma bandeira pela causa, só tente não ser um causador de mais ansiedade. Se ver alguém passando por essa situação e não tem intenção de ajudar, não precisa, mas também não atrapalhe. Se você ver alguém passando por isso e quer ajudar mas não sabe como, não precisa falar nada, as vezes a gente peca com boas intenções. Tente só entender a pessoa.
Se você vê alguém muito querido por você passando por isso, também tente entender a situação. Não só isso, converse com a pessoa, aconselhe ela a procurar profissionais que ajudem a ela, dê atenção, carinho e amor. E tenha paciência com a pessoa, por favor. Se vocês são próximas, essa pessoa vai querer saber que pode contar com você. Não precisa viver apenas em função da pessoa, de longe é isso. Basta tentar ser um pouco mais paciente e oferecer mais apoio a pessoa. Isso faz uma diferença incrível.
Bom, ainda tem muita coisa para falar sobre o assunto, mas acho que esse texto já disse o que tinha para dizer.
Espero que tenha gostado e/ou refletido um pouco sobre o assunto.

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