O texto do verdadeiramente, café
Eu acredito que já comentei em algum texto aqui do blog sobre a época em que bebi mais café na minha vidinha. Bom, acho que tudo tem um início, meio, fim e recomeço. Eu sempre gostei muito de um cafezinho com leite, independente do horário do dia, quente ou gelado e com leite, café sempre me pareceu uma boa opção.
Chegou um ponto em que o meu “gostar” de café se tornou um vício. Eu tinha uma fama de tomar muito café e nunca tive vergonha dela, mas depois de um tempo eu percebi que em qualquer momento, mesmo não querendo, eu queria café. Deu para entender? Vou tentar ser mais clara, nos momentos em que eu estava entediada, distraída ou nervosa (basicamente em qualquer mínimo tempo livre que eu tivesse) eu achava que seria uma boa ideia tomar um cafezinho, afinal, mal não ia fazer, certo?
Errado. Extremamente errado. Beber café não é algo ruim, mas tudo em demasia tem consequências. Eu era viciada no nível que se eu não tomasse café, sentia dor de cabeça e por isso achava que uma das últimas opções era parar de beber café.
Nessa época, eu comecei a me sentir fisicamente mal e o psicológico já não estava essas coisas, o que tanta cafeína e insônia não ajudavam em nada. Aconteceu o inevitável, fiquei doente. Claro que não estou culpando o café, hoje a gente se dá bem, mas o meu descontrole e a minha coroa de maior rainha bebedora de café só me prejudicaram. Também já comentei que tive ansiedade e a ansiedade e o café era os parceiros mais fiéis que eu tive nesse período.
Então um dia eu percebi, como na Descoberta da Melancia(confere aqui!), que eu não estava mais gostando de café. Eu bebia café, mas não desfrutava mais, só engolia a maior quantidade de café que eu conseguisse durante o dia. Comecei a achar até o cheiro do café enjoativo. Mas ainda não conseguia parar de bebê-lo. Foi quando eu tive uma das piores crises de enxaqueca.
Quando tive essa crise, que durou uma semana inteira, achei que fosse morrer, porque já havia tido enxaqueca e nunca tinha sido daquele jeito, parecia que alguma coisa dentro da minha cabeça estava o tempo todo se preparando para explodir. Nunca passei tanto tempo com enxaqueca como nesse caso, meus pais me levando de um hospital a outro, tomei injeção e todo tipo de remédio que falavam que poderia ajudar e nada funcionava muito bem, tudo o que eu comia, vomitava. Acho que quase enlouqueci todo mundo na minha casa nesse período, tenho muita sorte de ter minha família.
Minhas crises geralmente duravam um dia, eu tomava uma injeção e melhorava. Daquela vez foi diferente. Durou um dia de enxaqueca, eu tomei a injeção, melhorei. E no dia seguinte fiquei pior de novo, e acredito que ainda pior do que no primeiro dia. A falta de melhora me enlouquecia também, e parecia que nada que eu fizesse ajudava a melhorar.
Perdi muitas coisas que tinha planejado fazer, era período de fim de ano, aquele drástico período antes dos feriados que mil e uma coisas tem que ser resolvidas para o ano seguinte. E aí quando eu comecei a melhorar de novo, senti o cheiro do café e consegui admitir que não era um cheiro bom, que eu não gostava realmente naquela época, não daquele jeito. Foi a pior sensação que já tive sentindo cheiro de café, parecia que tinha impregnado em algum lugar da casa e eu nunca mais iria parar de sentir aquele cheiro, mesmo que me trancasse em algum lugar.
Tive que fazer uma reflexão intensa sobre isso. Eu já tinha tentando parar de beber café e nunca consegui por mais de três dias, então comecei a tentar (verdadeiramente) ir diminuindo aos poucos a quantidade diária de café que tomava. Afinal, porque beber tanto café? Para continuar sendo a rainha do café? Porque não tinha mais nada de interessante para fazer no momento? Para distrair? Nenhum desses motivos era bom para mim. Café é algo que deve ser apreciado, como praticamente todos os tipos de comida e bebida que fazer parte da história de cada um. Não é para fazer mal, nem ser ruim a experiência com café.
Foi só mentalizando isso, o verdadeiro significado do porquê tomar tanto café, que eu consegui diminuir a quantidade para o que hoje eu considero saudável. E o maior aprendizado dessa história foi que as vezes é bom parar para analisar as coisas que você faz. O porquê de você fazê-las. Quando você faz por costume e não porque verdadeiramente tem um significado, uma justificativa para você.
E aqui, novamente, não falo do que as outras pessoas comentam sobre qualquer que seja a coisa em questão que você está analisando, falo sobre o que você fala para você mesmo sobre isso. Não é errado tentar colocar a cabeça no lugar, organizar os pensamentos, só porque você ainda se sente jovem e com todas as possibilidades de erros na mão. Não é frescura, não é drama, é você se respeitar e respeitar os seus gostos. Respeitar quem você é e quem você está se tornando. É gostar de você o suficiente para isso.
O simples fato de ter pensado sobre isso mudou algumas outras coisas sobre minha alimentação e, consequentemente, minha saúde. Ela pode não ser perfeita e plena hoje em dia, mas posso dizer com toda certeza que é melhor do que foi antes. Ainda como muita comida fora do padrão fit, ainda vou comer pastel feito na hora com os amigos da faculdade, e um monte de outras coisas não saudáveis, mas que agora faço com moderação.
Não preciso ir várias vezes comer esse tipo de alimento toda vez que chamam, preciso ir quando estiver com muita vontade e tiver como. Não deixo de comer definitivamente nenhuma das comidas que não recebem 5 estrelinhas do Ministério das Comidas Saudáveis que Você Deve Comer Sempre. A grande coisa que trabalhei (e preciso continuar trabalhando muito) é aproveitar sem exageros, para aproveitar melhor. Quando você passa a semana quase toda comendo coisas saudáveis para o seu corpo e vai comer o “velho” pastelzinho de calabresa feito na hora + suco por apenas 4,50, ele tem um sabor incrivelmente mais gostoso do que quando você ele com mais frequência.
Sobre a enxaqueca, tem um livro com esse mesmo título “Enxaqueca” do Oliver Sacks, que parece ser muito. Assim que tiver tempo e colocar minhas leituras em dia, pretendo lê-lo e descobrir o que eu acho do livro por mim mesmo, mas o que comentam sobre é sempre muito positivo.
Ah, uma coisa “chave” que não mencionei mais acima do texto é que, mesmo os médicos discordando da medicação e/ou tratamento que eu deveria fazer, era uma recomendação comum entre eles que eu evitasse qualquer coisa com cafeína além do próprio café, como chocolates, refrigerantes…
Bom, acho que esse texto vai se acabando por aqui… Espero que tenham gostado e aproveitado alguma coisa dele. Até o próximo!
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